Investigação artística é criação
DOI:
https://doi.org/10.5335/hdtv.24n.2.16220Palavras-chave:
Criação artística, Investigação artística, Fratura epistemológicaResumo
Historicamente a investigação artística enfrenta uma série de questões complexas que moldam o seu desenvolvimento e integração nas instituições de ensino superior em música. A hegemónica tendência logocêntrica nos meios académicos tem favorecido nomeadamente duas abordagens que estabelecem uma relação redutora entre as intervenções artísticas e o discurso académico . Uma destas abordagens promove construções conceptuais e teóricas e a outra promove análises fenomenológicas e descrições auto-etnográficas. Ambas são redutoras já que assentam na separação sujeito-objeto negligenciando, ou mesmo eliminando na totalidade, as dimensões sensorial, empática, tácita e simbólica que são essenciais nas nossas experiências estéticas. O presente artigo identifica um território específico para a investigação artística o que implica, a montante, uma opção epistemológica alternativa, a que chamamos episteme criação. Esta episteme criação não prescinde de um discurso clarificador de apoio à intervenção artística mas num modo de discurso também alternativo, a que chamamos narrativo. Conclui-se este capítulo com uma discussão sobre as escolhas metodológicas no âmbito da investigação artística que são muitas vezes um depauperamento, uma vez que alguns investigadores procuram segurança na validação científica, recorrendo a métodos das ciências sociais, como a análise qualitativa, as auto-etnografias, etc. Estas escolhas são aqui reconhecidas como “desvios comuns” e são discutidas com exemplos.Downloads
Referências
ALMEIDA, C. The Problem of Artistic Research. Sysyphus: Journal of Education, 3(1), 2015, p. 137-170.
ASSIS, Paulo de; D’ERRICO, Lucia. Artistic Research: Charting a Field in Expansion. Rowman and Littlefield International, 2019.
BARRETT, E. Aesthetic Experience and Innovation in Practice–Led Research, 2010. https://hdl.handle.net/10536/DRO/DU:30032166 (Acessado em 26 de Junho de 23).
BLAIN, M.; MINORS, H. J. Artistic Research in Performance through Collaboration. Springer, 2020.
BOLT, Barbara. 2018. Acedido em 29/04/2024: https://finearts-music.unimelb.edu.au/about-us/news/explainer-what-is-artistic-research
BORGDORFF, Henk. The conflict of the faculties. Perspectives on artistic research and academia. Amsterdam: Leiden University Press, 2012.
BULLEY, J.; SAHIN, Ö. Practice Research - Report 1: What is practice research? and Report 2: How can practice research be shared?. PRAG-UK, 2021. https://doi.org/10.23636/1347 (Acessado em 19 de Julho de 2023).
CARTER, P. Material thinking: The theory and practice of creative research. Melbourne, Australia: Melbourne University Press, 2004.
CHAMBERLAIN, K. Methodolatry and Qualitative Health Research. Journal of Health Psychology, 5(3), 2000, p. 285–296.
CORREIA, J. From Researcher/Performer to Artistic Researcher: Looking Back at the Past in Search of New Possibilities. In: ROLFHAMRE, R. & ANGELO, E. (Eds.) Views on Early Music as Representation: Invitations, Congruity, Performance. Cappelen Damm Akademisk, 2022, p. 223-257.
CORREIA, J.; DALAGNA, G. Cahiers of Artistic Research 3: A explanatory model for Artistic Research. Editora da Universidade de Aveiro, 2020.
CORREIA, J.; DALAGNA, G. A Verdade Inconveniente sobre os Estudos em Performance. In: LIMA, S. R. Albano de (Ed.). Performance Musical sob uma Perspectiva Pluralista. Musa Editora, 2021, p. 11-26.
CORREIA, J.; DALAGNA, G.; BENETTI, A; MONTEIRO, F. Cahiers of Artistic Research 1: When Is Research Artistic Research? Editora da Universidade de Aveiro, 2018.
CRISPIN, D. Artistic Research and Music Scholarship: Musings and Models from a Continental European Perspective. In: DOGANTAN-DACK, M. (Ed.). Artistic Practice as Research in Music: Theory, Criticism, Practice. Ashgate Publishing, 2015, p. 53–72.
CRISPIN, D. The Deterritorialization and Reterritorialization of Artistic Research. IMPAR: Online Journal for Artistic Research, 3(2), 2019, p.45-59.
DALAGNA, G.; CARVALHO, S.; WELCH, G. Desired Artistic Outcomes in Music Performance. Routledge, 2021.
ELIADE, M. O tratado de história das religiões. WMF, 2022.
ELLIOT, D.; SILVERMAN, M.; BOWMAN, W D. Artistic Citizenship: Artistry, Social Responsibility and Ethical Praxis. Oxford University Press, 2016.
ELO, M. Ecologies of Artistic Research Practice. Paper presenter in INDISCIPLINES – Conference in Research Arts Practice, Barcelona, 28th November, 2020.
FREUD, S. O infamiliar. Autêntica, 2019.
FRÜCHTL, Josef. Artistic Research: Delusions, Confusions and Differentiations. EIDOS: A Journal of Philosophy of Culture, 3(2)8, 2019, p. 124-134.
HALLIDAY, M. A. K. An Introduction to Functional Grammar. Edward Arnold, 1985.
HANNULA, M.; SUORANTA, J.; VADÉN, T. Artistic research: theories, methods and practices. Helsinki: Academy of Fine Arts, 2005.
HASEMAN, B. A Manifesto for Performative Research. Media International Australia, 118(1), 2006, p. 98–106.
HENKE, S.; MERSCH, D.; STRÄSSLER, T.; WIESEL, J.; VAN DER MEULEN, N. Manifesto of Artistic Research: A Defense Against its Advocates. Diaphanes, 2020.
JOBERTOVÁ, D.; KOUBOVÁ, A. Artistic Research: Is There Some Method. Academy of Performing Arts, Prague, 2017.
KANNO, M.; LÓPEZ-IÑIGUEZ, G.; WESTERLUND, H. Is the pursuit of personal artistic growth enough to justify doctoral studies in music? 2023. Recurperado de: https://blogit.uniarts.fi/kirjoitus/is-the-pursuit-of-personal-artistic-growth-enough-to-justify-doctoral-studies-in-music/?fbclid=IwZXh0bgNhZW0CMTAAAR0yVQayOc373hsgICOxD2czvkUa7uJr7dlydTvFxrKwA1CXWEhdKKxFhYQ_aem_AWesfWHuTt4TxIyeYv6OOfjpyQlgKhZ2p8bjXo6nirFLGwzrs4H8oTow_k2ye_ToAOEG7Ntk3q41b-ve--zobmtd
KLEIN, J. What is Artistic Research? Journal of Artistic Research, 2017.
LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metaphors we live by. University of Chicago Press, 1980.
LEHRER, K. Art self and knowledge. New York, NY: Oxford University Press, 2012.
LÉVI-STRAUSS, C. Mito e Significado. Lisboa: Edições 70. [Translated by A. Bessa from the English original Myth and Meaning (1978), University Toronto Press, 1979].
MINORS, H.; ÖSTERSJÖ, S.; DALAGNA, G.; CORREIA, J. Teaching music performance in higher education: Exploring the potential of artistic research. Open Publishers. [No prelo].
NELSON, R. Practice as Research in the Arts (and Beyond). Principles, Processes, Contexts, Achievements. Palgrave MacMillan, 2022.
NICOLESCU, B. O Manifesto da Transdisciplinaridade. Triom, 1999.
ÖSTERSJÖ, S. Thinking-Through-Music: On Knowledge Production, Materiality, and Embodiment in Artistic Research. In: IMPETT, J. (Ed.) Artistic Research in Music: Discipline and Resistance. Leuven University, Press, 2018, p. 88–107.
ÖSTERSJÖ, S. Art Worlds, Voice and Knowledge: thoughts on quality assessment of artistic research outcomes. IMPAR: Online Journal for Artistic Research, 3(2), 2019, p. 60-89.
PENHA, R. On the Reality Clarified by Art. IMPAR: Online Journal for Artistic Research, 3(2), 2020, p. 3-44.
PHELAN, H.; WELCH, G. The Artist and Academia. Routledge, 2021.
SETH, S. Beyond the Reason: Postcolonial Theory and the Social Sciences. Oxford University Press, 2021.
WINNER, E. How Art Works: A Psychological Exploration. Oxford University Press, 2018.
Downloads
Publicado
Versões
- 12-09-2024 (2)
- 01-09-2024 (1)
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista História: Debates e Tendências
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Todos os artigos estão licenciados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).