ANATOMIA POLÍTICA DO DETALHE: O EXAME NA CRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS ESCOLAS DE REEDUCAÇÃO DO PARANÁ
DOI:
https://doi.org/10.5335/rep.2013.2827Palavras-chave:
Anatomia política. Esquadrinhamento. Exame. Disciplinarização. Verdades.Resumo
O estudo revisita a pesquisa realizada em 1993 nos arquivos do Juizado de Menores de Curitiba e focaliza os relatos dos exames de processos que definiam a internação infanto-juvenil nas escolas de reeducação do Paraná. Exames de conjunção carnal, virgindade, aborto, lesões corporais, psico-criminológico, idade, periculosidade, estado físico mental e moral, sanidade física e mental, bem como de pobreza, dentre outros objetivaram “verdades científicas” acerca da infância e da juventude, especialmente as pertencentes às camadas populares, verdades que legitimaram a constituição e a consolidação da rede institucional na citada unidade federada.O processo teve sua fase inicial de materialização na década de 1920e atingiu o ápice na de 1970. Tal modo de investigação sobre os corpos, os gestos e os comportamentos se deu como controle que combinou técnicas de vigilância hierárquica e de sanção, normalizando e esquadrinhando, o que permitiu qualificar, classificar e punir, estabelecendo sobre crianças e jovens visibilidades através das quais estes foram incluídos em uma topologia documental, diferenciados e sancionados, de modo a criar e ligar9a delinquência a um aparelho corretivo e normalizador, “ortopedia” psíquica, jurídica e social, articuladora e fortalecedora de saber e poder. Essa forma disciplinar, segundo Foucault, típica da modernidade, de saber, de vigilância e de exame, este saber-poder gerador das grandes ciências da observação – as ciências humanas –, deu consistência às profissões de pedagogo, sociólogo, psicólogo, assistente social, perito criminologista, promotor curador e juiz, na trajetória deformação e fortalecimento da rede de “instituições de sequestro”, ou seja, do “arquipélago carcerário paranaense”.O brilho visível da superposição das relações de poder e saber se projetou no exame ritualizado, no qual se uniram tanto demonstração de força como assentamento de verdades. Das primeiras fichas médico-psychologicas preenchidas sob o senso comum,na década de 1920, aos sofisticados relatórios diagnósticos das equipes interdisciplinares da década de 1970, toda uma economia dos pequenos ilegalismos pôde ser percebida. No âmago desse processo disciplinar, o exame manifestou a sujeição dos que foram triados e eleitos como objeto, como a objetivação das verdades produzidas.Laudos, pareceres, anexos, juntadas,autos de perguntas, autos de respostas,ordens, encaminhamentos, diligências e outros instrumentos ligado são exame de crianças e jovens evidenciaram a força dessa anatomia política do detalhe.Downloads
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Publicado
22-12-2012
Como Citar
DIEZ, C. L. F. ANATOMIA POLÍTICA DO DETALHE: O EXAME NA CRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS ESCOLAS DE REEDUCAÇÃO DO PARANÁ. Revista Espaço Pedagógico, [S. l.], v. 19, n. 1, 2012. DOI: 10.5335/rep.2013.2827. Disponível em: https://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/2827. Acesso em: 19 jun. 2025.
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Artigos
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