
Renata Maraschin
Este artigo está licenciado com a licença: Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
v. 26, n. 3, Passo Fundo, p. 941-947, set./dez. 2019 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep
946
ESPAÇO PEDAGÓGICO
escola, pois, na perspectiva dos autores, “[...] é agora, neste momento de dissolução
da forma da escola, que queremos repensá-la amorosamente para reencontrar a
sua especificidade e a sua autêntica natureza” (2017, p. 192). Foram convocados
para este exercício educadores, artistas e outras pessoas interessadas na forma
da escola, com vistas a constituir um grupo de pensamento e experimentação, em
que as atividades desenvolvidas foram caminhar, observar, mapear, ler, conversar,
propor, definir, escrever ou desenhar. Tratou-se de proposta para vivenciar a escola
de diferentes modos, não para escrever academicamente sobre ela. Finaliza-se com
o depoimento de uma participante, afirmando, sobre o exercício realizado, que:
[...] praticamos e estudamos. Muito. Copiamos e listamos. Tentamos, erramos e repetimos.
Lemos e relemos. Caminhamos. Exercitamos. Desenhamos. Fomos iguais. Juntos, começa-
mos algo. Todos fomos capazes de ler, sublinhar, falar, caminhar e pensar. Mais ou menos,
dependendo do tempo e da atenção. Tínhamos um ambiente escolar que, como tal, era am-
biente de potência. A escola era trazida para o nosso presente. Era repensada e, a partir de
nossas leituras, sublinhados e caminhadas, seria talvez redesenhada. Dependia de nosso
tempo e atenção. De nosso interesse e nossa vontade. Era potência. [...]. O que importa,
creio, é o que fomos, enquanto éramos. O que fizemos, enquanto estávamos fazendo. Algo
nos aconteceu. Algo nos passou. Algo bonito. Findo o exercício, o sentir provocado pela
experiência das derivas, de alguma maneira, permanece (2017, p. 192).
Filmes que tomam a escola como mote, colocando-a em evidência, constituem
o fio condutor dos três textos que compõem a quarta e última parte do livro,
intitulada “Mirar a escola: uma mostra de cinema” (2017, p. 209). O primeiro
texto intitula-se “Celebração da revolta: a poesia selvagem de Jean Vigo” (2017,
p. 210); o segundo, “Elogi de l’escola e Escolta: o ordinário da escola em imagens”
(2017, p. 220); o terceiro, “Ser e ter: a produção de sentidos – por uma topologia
das infâncias e suas relações com a escola” (2017, p. 232).
Assim, por meio dos exercícios de pensamento apresentados em cada capítulo,
de diferentes modos, os autores almejam elogiar a escola. Elogiar não no sentido de
defendê-la ou celebrá-la, mas no sentido grego originário de mostrar o que a escola
é, suas virtudes, sua forma (RECHIA; MENDONÇA; MENDES; PREVE, 2017,
p. 9). As reflexões do livro podem criar condições para que, atentando-se para a for-
ma da escola, o leitor desperte outra sensibilidade em relação ao universo escolar,
abrindo-se à experiência de vivenciá-lo pela leitura das experiências vividas em
cada texto. É possível que essas reflexões ajudem o leitor a espreitar a escola com
novos olhares, a escutar cuidadosa e atentamente seus sons, a sentir seu pulsar
vivo nas relações estabelecidas por seus atores. Oxalá os leitores tenham a sensibi-
lidade de ler Elogio da escola desde a capa.