Tempo de estudo, rendimento e estratégias de aprendizagem de alunos do 5º ano do ensino fundamental de escolas públicas municipais
Este artigo está licenciado com a licença: Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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ESPAÇO PEDAGÓGICO
Tempo de estudo, rendimento e estratégias de aprendizagem de alunos do
5º ano do ensino fundamental de escolas públicas municipais
Study time, performance and learning strategies of 5th year elementary school students in
municipal public schools
Tiempo de estudio, desempeño y estrategias de aprendizaje de alumnos de 5º año del primario
de escuelas públicas municipales
Jussara Cristina Barboza Tortella
*
Vivian Annicchini Forner
**
Resumo
Este trabalho teve o objetivo de conhecer o tempo dedicado aos estudos, o rendimento e as estratégias de
aprendizagem de 24 alunos do 5º ano do ensino fundamental participantes do projeto intitulado As Travessuras
do Amarelo, que visa à promoção da autorregulação da aprendizagem. Foram selecionados estudantes de sete
escolas de um município do interior do estado de São Paulo. A análise dos dados, coletados a partir de uma en-
trevista semiestruturada, indica que os alunos aprenderam a utilizar o modelo Plea (planejar, executar e avaliar)
– pedir ajuda, identicar os distratores, respeitar os colegas e persistir em suas tarefas. Quando questionados
sobre as mudanças nos seus estudos, constatou-se que a maioria dos alunos indicou o aumento do número de
horas de estudo e também das notas após o projeto. O artigo está organizado da seguinte maneira: as primeiras
seções discutem teoricamente os conceitos de autorregulação da aprendizagem, tempo de estudo e estratégias
de aprendizagem. Em seguida, apresentam-se o método e os procedimentos da pesquisa, os resultados, a dis-
cussão e, por m, as conclusões do estudo. Enfatizamos a necessidade de novos estudos sobre estratégias de
aprendizagem utilizadas por alunos que se mostraram mais autorreguladores de suas aprendizagens.
Palavras-chave: Autorregulação. Ensino fundamental. Estratégias de aprendizagem. Rendimento escolar. Tempo
de estudo.
Abstract
The aim of this study was to verify the time devoted to studies, performance and learning strategies used by
24 students from the 5
th
grade of elementary school participating in The Mischief of the Yellow project, which
aims to promote self-regulation of learning. Twenty-four students from the 5
th
grade of elementary school were
selected from seven schools in a city in the countryside of São Paulo state. Data analysis, collected from a semi-
*
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Docente Permanente do Programa de
Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Brasil. ORCID: 0000-
0002-9076-8739. E-mail: jussaratortella@gmail.com
**
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campi-
nas (PUC-Campinas). Brasil. ORCID: 0000-0002-9692-6718. E-mail: vivianforner@gmail.com
Recebido em 21/10/2018 – Aprovado em 04/06/2019
http://dx.doi.org/10.5335/rep.v26i3.8773
Jussara Cristina Barboza Tortella, Vivian Annicchini Forner
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ESPAÇO PEDAGÓGICO
-structured interview, indicates that students have learned how to use the Plea model (Planning, Executing,
Evaluating) – ask for help, identify distractors, respect colleagues, and persist in their tasks. When questioned
about the changes in their studies, it was found that most students indicated the increase in the number of
study hours and grades, after the project. We emphasize the need for new studies on learning strategies used
by students who have proven to be more self-regulated in their learning. The article is organized as follows: the
rst sections theoretically discuss the concepts of self-regulation of learning, study time and learning strategies.
Next, it presents method and procedures of the research, results, discussion and, nally, the conclusions of the
study. We emphasize the need for new studies on learning strategies used by students who have been more
self-regulated in their learning.
Keywords: Self-regulation. Elementary school. Learning strategies. School performance. Study time.
Resumen
El objetivo de este trabajo fue conocer el tiempo dedicado a los estudios, el rendimento y las estrategias de
aprendizaje utilizadas por 24 estudiantes del quinto año de la escuela primaria que participaron en el proyecto
“La travesura del amarillo, cuyo objetivo es promover la autorregulación del aprendizaje. Fueron seleccionados
24 estudiantes del quinto año de la escuela primaria de siete escuelas en un condado del interior del estado de
São Paulo. El análisis de datos, recogido de una entrevista semiestructurada, indica que los alumnos han aprendi-
do a utilizar el modelo PEJE (Planica, Ejecuta y Evalúa) - pedir ayuda, identicar a los distractores, respetar a los
compañeros y persistir en sus tareas. Cuando se les preguntó sobre los cambios en sus estudios, se encontró que
la mayoría de los estudiantes indicaron el aumento en la cantidad de horas de estudio y calicaciones después
del proyecto. El artículo está organizado de la siguiente manera: las primeras secciones discuten teóricamente
los conceptos de autorregulación del aprendizaje, el tiempo de estudio y las estrategias de aprendizaje. A conti-
nuación, presenta el método y los procedimientos de la investigación, los resultados, la discusión y, nalmente,
las conclusiones del estudio. Enfatizamos la necesidad de nuevos estúdios sobre las estrategias de aprendizaje
utilizadas por los alumnos que han sido más autorregulados en su aprendizaje.
Palabras clave: Autorregulación. Primario. Estrategias de aprendizaje. Rendimiento escolar. Tiempo de estudio.
Introdução
Este trabalho de investigação, inscrito no âmbito dos estudos sobre a autorre-
gulação, teve como lócus de pesquisa um projeto que visa à promoção dos processos
de autorregulação da aprendizagem denominado “As Travessuras do Amarelo”. O
estudo objetivou conhecer o tempo, o rendimento e as estratégias de aprendizagem
de 24 alunos do 5º ano do ensino fundamental que participaram do referido projeto
quando cursavam o 4º ano. É importante destacar que o projeto foi desenvolvido
pelo Grupo de Investigação Universitária em Autorregulação (Guia) da Universi-
dade do Minho, Portugal, tendo como principal objetivo desenvolver a autorregu-
lação em crianças dos ensinos pré-escolar e fundamental, a partir do livro infantil
intitulado Sarrilhos do amarelo, no Brasil: As travessuras do amarelo.
O (in)sucesso escolar é tema recorrente nas políticas educacionais e de inte-
resse de pesquisas na área da Educação, de forma específica na área da Psicolo-
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gia Educacional. Uma questão frequente na fala dos educadores é que os alunos
geralmente não têm o hábito de estudar e não utilizam estratégias adequadas na
realização das tarefas escolares. Contudo, existe, obviamente, uma multiplicidade
de motivos para que isso ocorra, alguns relacionados com o próprio aluno, como
quando ele não consegue resolver problemas propostos em sala de aula; outros re-
lacionados à metodologia utilizada pelo professor que, muitas vezes, não sabe como
pode oferecer propostas que busquem a superação das dificuldades dos alunos, tais
como compreender um texto, completar uma tarefa proposta para casa ou realizar
um trabalho em grupo.
Segundo Almeida (2002), as múltiplas variáveis no processo de aprendizagem
podem ser classificadas em: fatores sociais; dinâmicas internas da escola; variáveis
pessoais dos alunos, dos professores e das interações. No entanto, há que se consi-
derar outros aspectos para a compreensão do fenômeno da aprendizagem. Assim,
os estudos sobre a importância da autorregulação e o ensino das estratégias de
aprendizagem no sucesso escolar dos alunos podem auxiliar a compreensão de tal
fenômeno (NÚÑEZ et al., 2015; ROSÁRIO et al., 2015a; ROSÁRIO et al., 2015b;
ROSÁRIO et al., 2016). Lourenço e Paiva (2016) destacam que o conceito da autor-
regulação abarca fatores intervenientes que também interferem no sucesso escolar,
tais como o clima da escola, a motivação e as responsabilidades das pessoas envol-
vidas, o currículo e as práticas docentes, o apoio familiar, entre outros.
A autorregulação da aprendizagem é definida como um processo ativo ao qual
os sujeitos estabelecem os objetivos que orientam suas aprendizagens, no sentido
de monitorar, regular e controlar cognições, comportamentos e motivações, a fim de
alcançar os objetivos estabelecidos. Esse processo se dá a partir de um movimento
cíclico e dinâmico na busca da aquisição de conhecimentos, envolvendo não apenas
os aspectos cognitivos, mas também os motivacionais e afetivos (ZIMMERMAN,
2008; ZIMMERMAN; SCHUNK, 2011).
O que se deseja alcançar com o ensino de estratégias de aprendizagem é que
os conhecimentos adquiridos pelos alunos na escola possam ser utilizados por eles
em outras situações de suas vidas cotidianas, trata-se de um processo denominado
de transferência de estratégias. Para Rosário, Núñez e Gonzáles-Pienda (2007), a
transferência de estratégias é um dos objetivos principais do processo de aprendiza-
gem, contudo, isso só ocorrerá se o aluno tiver a oportunidade de vivenciar diversas
atividades, aprender diferentes estratégias e sentir a necessidade de utilizá-las.
Considerando tais apontamentos, este artigo reflete sobre aspectos interve-
nientes no processo de aprendizagem de alunos do ensino fundamental. Para isso,
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traz inicialmente uma reflexão sobre a importância do ensino de estratégias de
aprendizagem, rendimento escolar e a questão do tempo de estudo. Em seguida,
apresenta o método e os resultados da pesquisa.
O tempo de estudo e as estratégias de aprendizagem
Os estudos e as intervenções educativas com foco na autorregulação da apren-
dizagem podem auxiliar na superação de alguns problemas encontrados no ensino
fundamental, tais como dificuldades de concentração, de persistir e terminar uma
tarefa, de conseguir bom desempenho escolar e de compreensão leitora (SERAFIM;
BORUCHOVITCH, 2010; BORUCHOVITCH, 2010; OLIVEIRA, M., 2015; OLI-
VEIRA; TORTELLA, 2015; OLIVEIRA, S., 2015; TENCA, 2015; TENCA; TOR-
TELLA, 2015; SILVA, 2015).
O papel do docente nessa perspectiva é fundamental, pois ele é o responsável
por apresentar e ensinar algumas estratégias, acompanhar sua utilização pelos
alunos, dando feedbacks contínuos sobre o desempenho e a utilização dessas estra-
tégias de aprendizagem rumo à utilização autônoma por parte dos alunos.
O tempo de estudo está relacionado com a realização das lições de casa – de-
nominado trabalho para casa (TPC) por alguns autores portugueses –, com estudos
autônomos dos alunos e estudos dirigidos para épocas escolares específicas, como a
realização de provas. Hoje em dia, há uma grande preocupação com o fracasso es-
colar dos alunos e sua pouca dedicação nas realizações das tarefas de casa. Autores
consideram que o TPC pode ser o elemento chave para afrontar o fracasso escolar,
pois mobiliza o uso de estratégias de autorregulação da aprendizagem e envolve a
autoeficácia (ROSÁRIO et al., 2011). Nesse sentido, entende-se a necessidade de
aprofundar o conhecimento do aluno perante a forma como se realiza as lições de
casa e a sua importância.
A lição de casa é entendida como uma ferramenta instrucional para melhorar
o desempenho escolar dos alunos, desenvolvendo habilidades de estudo, autorregu-
lação, envolvimento com a escola, disciplina e responsabilidade (ROSÁRIO et al.,
2009; ROSÁRIO et al., 2011; ROSÁRIO et al., 2015a; ROSÁRIO et al., 2015b). No
entanto, destaca-se que é fundamental que, na realização das lições, seja observado
o padrão pessoal do trabalho de cada aluno e sua maneira de desenvolver as ativi-
dades propostas.
Para Rosário et al. (2009), tanto os alunos mais estudiosos quanto os que não
se empenham podem apresentar a mesma quantidade de tempo de estudo, nesse
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sentido, afirmam que o importante a se observar é a qualidade do estudo. O excesso
de tempo pode significar tanto uma dificuldade com o conteúdo quanto falta de
contração na realização da tarefa ou o envolvimento pleno do aluno.
Rosário et al. (2015a), ao pesquisarem os efeitos dos trabalhos de casa a partir
do acompanhamento do trabalho docente, demonstram efeito positivo no desempe-
nho dos estudantes em seus estudos quando existe o feedback dos professores. Os
autores mostram que as práticas de acompanhamento podem se referir a partir
da verificação oral dos trabalhos de casa, da verificação do trabalho na aula, ou
mesmo do recolhimento desse trabalho para verificação posterior.
Rosário et al. (2015b) propõem que professores realizem o feedback sobre a
performance das lições de casa que o aluno realizou com o intuito de maximizar o
impacto das tarefas, podendo reforçar os aspectos positivos dos estudantes, moti-
vando-os e apresentando-lhes o que é preciso melhorar.
Lopes da Silva e Sá (1993) descrevem diversas estratégias e procedimentos a
serem utilizados pelos alunos nas atividades escolares. Ao tratarem do conceito de
autocontrole, as autoras destacam as estratégias comportamentais que possibili-
tam o controle do tempo e da concentração durante o estudo. Nesse sentido, citam
que, sendo uma das principais dificuldades apresentadas pelos alunos com baixo
rendimento escolar, o tempo insuficiente ou não existente de estudos em casa ne-
cessita ser refletido por professores e alunos, no intuito de reconhecer suas causas
e superá-las.
Os possíveis motivos dessa inexistência/carência podem ser causados pela
ideia de que esse estudo não é necessário, pois o aluno está habituado a realizar
somente as tarefas que os professores passam como dever de casa, sem estabelecer
um plano de estudo; pela falta de local para estudar; ou até mesmo pelo local ser
tomado por distratores que interferem na realização desse estudo. Essa realidade
faz com que o aluno estude apenas na véspera das provas, o que pode causar níveis
de ansiedade elevados que provocam dificuldades na concentração e na atenção do
estudante (LOPES DA SILVA; SÁ, 1993).
É necessário que, inicialmente, o estudante aprenda a autocontrolar seu estu-
do, ou seja, planeje-o e organize-o da forma mais eficaz, aumentando sua autorres-
ponsabilização pela própria aprendizagem. Isso envolve estabelecer horários ade-
quados e organizar períodos de estudo, para que seja possível que o aluno se sinta
confiante sobre seus conhecimentos nas avaliações (LOPES DA SILVA; SÁ, 1993).
Há necessidade de um planejamento para os horários de estudo de forma a
estabelecer os períodos mais adequados para a realização das atividades escolares,
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envolvendo, também, horários de lazer e recreação. Mesmo quando os horários
forem definidos, o estudante precisa continuar a monitorar sua eficiência e cumpri-
-los. Junto com os horários, é necessário estabelecer objetivos específicos e realistas
com as necessidades pessoais (LOPES DA SILVA; SÁ, 1993).
O TPC é um processo complexo e se relaciona positivamente com a autorre-
gulação, sendo que os alunos com maior autoeficácia demonstram melhores ren-
dimentos. Entende-se que, para que o aluno se organize para o estudo de uma
forma autônoma, é preciso que ele aprenda determinados procedimentos de como
estudar, determinadas estratégias de aprendizagem. O TPC, nesse sentido, é um
passo importante para essa aprendizagem. Nota-se que a lição de casa leva o aluno
a gerir seu tempo de forma a desenvolver e assumir responsabilidades, valorizar
seus esforços, lidar com erros e com as dificuldades na aprendizagem. São passos
do TPC: a preparação e a marcação das tarefas, que acontecem na sala de aula a
partir da orientação do professor; a realização das tarefas pelo aluno em sua casa;
e a verificação e monitorização das tarefas com feedback, em sala de aula. Para tan-
to, o aluno necessita conhecer e aplicar determinadas estratégias de aprendizagem
(ROSÁRIO et al., 2005).
O ensino de estratégias parte da ideia de que os professores têm, intencio-
nalmente, como foco o ensinar a aprender (ALMEIDA, 2002). Esse ensino parte
do pressuposto de que o aluno deve ter oportunidades de escolher e controlar suas
ações frente às tarefas propostas. Portanto, ele não é algo prescritivo, e sim um
aprendizado que passa por processos que vão desde o conhecimento das estratégias
até a aplicação delas, a oportunidade de decidir quais estratégias utilizar e em qual
situação. Cabe ressaltar que apenas o conhecimento não é suficiente para a utiliza-
ção eficaz das estratégias, mas elas devem ser utilizadas em diferentes contextos,
para que aos poucos o aluno saiba utilizá-las (ROSÁRIO, 2004).
O ensino das estratégias pode ser utilizado já na educação infantil, e o quanto
antes for iniciado, mais possibilidades os alunos têm de se apropriar de determi-
nadas estratégias, sendo um fator considerado como preditivo do desempenho es-
colar (ROSÁRIO, 2004; GOMES; BORUCHOVITCH, 2011). A aprendizagem das
estratégias pode propiciar uma aprendizagem autorregulada. Por exemplo, um
fator importante para o aluno que quer autorregular o seu estudo é o controle da
atenção, que envolve o local de estudo. Há estímulos presentes nos locais de estudo
que podem dificultar a atenção e a concentração. Nesse sentido, é preciso que o
aluno comece a eliminar distratores, de forma a criar um ambiente mais favorável
para o cumprimento de seus objetivos. Na sala de aula, que também é um lugar de
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estudo, acontece o mesmo. Esses espaços de estudo necessitam da elaboração de
estratégias para ultrapassar esses obstáculos encontrados.
Estudos indicam que os distratores para as crianças do 5º ano são, principal-
mente, os eletrônicos, tais como celulares ou videogames (OLIVEIRA; TORTELLA,
2015). Outro ponto em destaque é a presença de animais e o barulho das pessoas.
O reconhecimento desses distratores pode auxiliar na organização e na discussão
do estudo e da busca por autonomia na aprendizagem.
A utilização de projetos pode se constituir como um procedimento eficaz para o
desenvolvimento da autorregulação. O projeto intitulado “As Travessuras do Ama-
relo” tem por objetivo a vivência de estratégias de aprendizagem a partir de uma
metodologia específica, com foco principal no ensino das estratégias de planeja-
mento, execução e autorregulação, denominada pelos autores de Plea (planejar,
executar e avaliar).
Pautado nos estudos de Zimmerman (2002), esse modelo apresenta fases que
foram organizadas da seguinte forma: 1) planificação (pensar antes): autoavalia-
ção, estabelecimento de objetivos e planejamento, seleção ou alteração da estrutu-
ra ambiental, procura de ajuda social; 2) execução (pensar durante): organização
e transformação, procura de informação, tomada de apontamentos, repetição e
memorização; 3) avaliação (pensar depois): autoconsequências, revisão de dados.
O modelo foi intitulado de Plea (ROSÁRIO et al., 2007; POLYDORO; AZZI, 2009).
Durante o desenvolvimento do projeto que utiliza a literatura infantil como
uma importante ferramenta para o desenvolvimento do trabalho de autorregula-
ção, o professor e os alunos leem a história das cores do arco-íris e se defrontam
com a problemática de uma das cores que some no bosque: o amarelo. Por meio do
livro As travessuras do amarelo, pode-se adquirir diferentes estratégias de apren-
dizagem, afinal, durante a narrativa, que se divide em dezessete capítulos, os per-
sonagens desenvolvem estratégias para que consigam encontrar o amigo perdido,
conduzindo a criança a perceber semelhanças com sua vida escolar e familiar, fa-
zendo com que o personagem sirva de modelo para a aprendizagem autorregulada.
Em resumo, acredita-se que, se o aluno souber como utilizar as estratégias
em suas atividades escolares, essas favorecerão seu desempenho. Ainda, o aluno
desenvolve um papel ativo em sua aprendizagem, de forma a atingir seus objetivos.
Cria-se um contexto no qual o discente compreende a importância de estabelecer
objetivos de estudo para si, de persistir e avaliar os objetivos alcançados (LOPES
DA SILVA; SÁ, 1993).
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Método de pesquisa
Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa, que faz parte de
um projeto docente intitulado “A formação continuada de professores na escola:
aprendizagens desenvolvidas em um ambiente colaborativo (a formação de alunos
autorreguladores)”.
1
Participaram da pesquisa 24 alunos do 5º ano de 7 escolas
municipais de uma cidade do interior do estado de São Paulo, com idades entre 9
e 11 anos, com média de 9,79 e desvio padrão de 0,58, de ambos os sexos, sendo a
maioria do sexo masculino, 62,5%.
Procedimentos de produção do material empírico
Inicialmente, entramos em contato com orientadores pedagógicos da Secreta-
ria de Educação de um município do interior do estado de São Paulo para a iden-
tificação das escolas municipais que poderiam participar da pesquisa, ou seja, que
atendiam alunos do 5º ano e que haviam participado do projeto “As Travessuras
do Amarelo” no ano anterior (4º ano). O referido projeto adota como procedimento
a coleta de informações sobre: número de horas que os alunos estudavam após
o horário que frequentavam a escola por semana – de segunda-feira até sábado;
inventários sobre autorregulação, autoeficácia e controle volitivo. Os responsáveis
informaram que três questionários foram aplicados durante o desenvolvimento do
projeto, em um total de 269 alunos.
Após a aprovação dos responsáveis, os dados dos questionários foram cedidos
e inseridos no pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS),
para a realização de análises descritivas e da frequência da amostra. A média diá-
ria de tempo de estudo apontada por estes alunos variou entre 55,71 minutos na
primeira aplicação do questionário, 48,65 minutos na segunda e 45,31 minutos na
terceira, por semana (segunda-feira a sábado). Por meio dessas análises, seleciona-
ram-se 30 alunos, sendo 10 com as maiores médias do número de horas de estudo
apontadas durante três momentos de coleta dos questionários, 10 com médias in-
termediárias e 10 alunos com as menores médias. Portanto, esse foi o critério de
escolha dos participantes.
Após a identificação dos alunos selecionados, fizemos contatos iniciais com os
coordenadores de cada escola para o agendamento das entrevistas com os alunos e
para verificar se havia autorização dos pais para a realização da pesquisa. Foi cons
-
tatado que alguns alunos dessa lista haviam sido transferidos para outra escola. No
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total, 24 alunos estiveram aptos a participar da pesquisa. As entrevistas, com quatro
questões semiestruturadas, foram realizadas em uma sala cedida pela escola. Cada
entrevista durou em média vinte minutos. As crianças tiveram ciência de que suas
falas seriam gravadas e posteriormente transcritas e que seus nomes seriam fictícios.
Resultados
A primeira questão (o que você se lembra do projeto “As Travessuras do Ama-
relo”?) tinha por objetivo criar um contexto de ambientação para o restante da en-
trevista. Todos os alunos, quando questionados, descreveram trechos da história,
sendo que, desses, treze alunos se reportaram ao Plea.
As respostas à segunda questão (o que você aprendeu durante a participação
no projeto no 4º ano?) foram categorizadas de acordo com seus argumentos e organi-
zadas a partir do número de horas de estudo (MM – alunos com maiores médias do
número de horas de estudo; MI – médias intermediárias; MnM – médias menores).
É importante destacar que os alunos poderiam apresentar mais que um argumento
em uma mesma resposta. Alguns trechos das entrevistas são destacados a seguir.
O aluno Lucas (MM)
2
apontou a aprendizagem do respeito aos amigos, além
de perceber que deve tomar cuidado com algumas situações conflituosas e eliminar
distratores:
Quando estivermos brincando não podemos nos esconder tão, tão longe para não se perder
em um lugar que você não conhece. Que a gente tem que respeitar os amigos na brincadeira,
não brigar com o amigo […]. Devo ficar longe da televisão, do computador e do vídeo game
que me distraem.
A aluna Laura (MM) afirmou o seguinte: “Aprendi o Plea, que ele é muito bom
[...]. Hoje, eu leio mais livros, estudo mais, escrevo muito mais […] antes eu não me
concentrava. Com o Plea eu fui mais para frente [sentou na carteira da frente], o
barulho da sala me atrapalhava”.
João (MM) demonstrou aprendizagens relacionadas a organização, persistên-
cia, planejamento e distratores:
Eu aprendi a ficar mais organizado, porque eu sempre perco minhas coisas, a obedecer e
sempre tentar e nunca desistir [...]. Eu gosto de brincar de procurar coisas perdidas, por causa
do livro, eu sempre falo pro meu sobrinho se esconder, e eu procuro ele, eu planejo ir por um
lado porque eu sei que ele vai pelo outro e tento subir por cima da casa porque pego ele no
alto. Eu peço para minha mãe não deixar eu sair de casa daí eu fico estudando o dia inteiro,
porque do contrário eu saio pela janela, ela tranca a porta do quarto, porque eu tenho meus
cachorrinhos, que eu gosto de cachorros, daí eu quero ficar brincando com eles.
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Adriano (MM) apontou o respeito, o trabalho em grupo, o pedido por ajuda, a
melhora na leitura e o Plea:
Aprendi a sempre trabalhar em grupo e que sem as pessoas não conseguimos fazer nada. Eu
peço ajuda para os meus amigos, para a professora quando não estou conseguindo [...]. Como
eu leio bastante melhorou minha letra, meu desenho. Eu gosto muito de desenhar, daí eu uso
o Plea. Meu pai gosta muito de desenhar, daí eu faço um desenho, pergunto para o meu pai
se está da hora
3
, e ele me diz o que posso mudar para melhorar.
Alessandra (MI) indicou a aprendizagem do Plea, do pedido por ajuda e da
eliminação de distratores: “Me ajudou a fazer as tarefas, para eu planejar as coisas
antes, executar e depois eu avalio, se está certo ou não […]. Eu peço ajuda para
minha mãe. A televisão me atrapalha, daí eu desligo, eu estudo no meu quarto com
a porta fechada”.
O aluno Gabriel (MI) destacou o respeito aos amigos, o pedido por ajuda, o
planejamento e os distratores:
Comecei a prestar mais atenção e compartilhar mais as coisas com meus amigos. Eu peço
ajuda quando preciso e eu ajudo eles. Me ajudou muito a planejar, eu planejo de fazer tarefas
com meus amigos, cada dia é uma casa que nós vamos, mais ou menos uma vez na semana
[…] saio de perto da televisão e fico no quarto.
O aluno Gustavo (MI) relatou o seguinte:
Aprendi a fazer muitas coisas, como a ajudar meus amigos a fazer a lição. Eu peço ajuda
quando eu preciso. Em matemática eu não preciso muito de ajuda porque matemática é fácil,
em língua portuguesa eu preciso de ajuda [...]. Eu faço o Plea quando sinto preguiça para
tentar ‘ralar bem, bem mesmo para eu poder expulsar essa preguiça, daí dá certinho quando
eu executo […]. Às vezes dá um pouco de preguiça, mas é daí que eu ‘ralo’ bastante para
expulsar essa preguiça.
Vinícius (MI) destacou a ajuda, a amizade e o Plea:
Aprendi que mesmo que não seja nossa família temos que ajudar e enfrentar as armadilhas.
Ajudo meus amigos sempre que precisam de ajuda, eu também peço ajuda, algumas vezes
peço ajuda para a calculadora [...]. Eu usava o Plea no teatro da Sepi [Serviço Espírita de
Proteção à Infância]. Eu planejava mais, pensava mais para tirar dúvida e ver se estava certo.
Beatriz (MnM) demonstrou aprendizagens relacionadas a persistência, pedido
por ajuda, Plea e eliminação de distratores:
Aprendi que você não pode desistir. Quando eu tenho uma dificuldade, eu não desisto. Nos
meus estudos, se eu não estou entendendo uma pergunta, eu pergunto para a ‘pro’ e para os
meus amigos para ver se eles entendem. Eu me lembro do Plea que tinha o planejar […]. De
vez enquanto, eu desligo a televisão para fazer a tarefa, porque atrapalha meus estudos. Eu
fico mais entretida na televisão do que na tarefa.
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Miguel (MnM) também demonstrou aprendizagens relacionadas ao Plea e ao
respeito aos amigos: “[Aprendi] que antes de você fazer alguma coisa, você tem que
planejar, pensar, para depois fazer; que a amizade é grande”.
Larissa (MnM) indicou que aprendeu sobre as aventuras, referindo-se sobre a
brincadeira de “esconder”, conforme pode ser compreendido em sua fala: “Às vezes
eu e minha irmã que também estuda aqui e estudou o amarelo, nós brincamos,
escolhemos uma cor e procuramos o amarelo entre as bonecas dela”.
Por fim, a aluna Carolina (MnM) apontou a aprendizagem da leitura e da es-
crita e do Plea: “Aprendi o Plea. Me ajudou na leitura, na escrita, antes eu errava
bastante”.
As respostas foram organizadas em oito categorias, a saber: Plea; identificação
de distratores; pedido por ajuda; respeito aos amigos; melhora na leitura e escrita,
persistência; organização; e sem resposta. A Tabela 1 apresenta a quantificação
das respostas.
Tabela 1 – Estratégias de aprendizagem utilizadas
Categoria MM MI MnM Total
Plea 12 7 3 22
Identificação de distratores 8 5 1 14
Pedido por ajuda 6 5 2 12
Respeito aos amigos 5 5 1 10
Melhora na leitura e escrita 3 3
Organização 2 2
Persistência 1 1 2
Sem resposta 1 1
Fonte: dados da pesquisa.
Os dados da pesquisa são positivos por demonstrarem que as estratégias de
aprendizagem mais citadas pelos alunos se relacionam ao Plea (n = 22), à identi-
ficação de distratores (n = 14), e ao pedido por ajuda (n = 12), demonstrando que
as crianças verbalizaram as estratégias aprendidas no decorrer do projeto, mesmo
um ano após o término. Os participantes, em sua grande maioria, consideram como
importante para os seus estudos a utilização do Plea e a eliminação de distratores,
destacando, portanto, a utilização dessas estratégias de aprendizagem em seus
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estudos. Chama a atenção que as estratégias também se relacionam a comporta-
mentos e atitudes, tal como o respeito aos amigos. Nessa linha de raciocínio, perce-
be-se que não são tão importantes, para esses alunos, as aprendizagens referentes
à persistência (n = 2) e à organização (n = 2).
Como mostra a Tabela 1, os alunos com médias maiores e médias intermediá-
rias apresentam um número maior de argumentos sobre o que aprenderam com o
projeto, por exemplo: respeitar os colegas, reconhecer os distratores, persistir em
suas tarefas e ser organizado. Alguns alunos indicaram a melhora na leitura e,
principalmente, apontaram o modelo Plea. Os dados nos conduzem a inferir que
aqueles que não desenvolvem estudos após o horário da aula apontam poucos ar-
gumentos (n = 8), quando comparados com os que mais estudam (n = 37). Chama
a atenção o fato de esses alunos, ainda assim, citarem o Plea e a ajuda, o que pode
demonstrar o desejo em desenvolver um estudo mais autorregulado.
Quando questionados sobre como estudavam no 4º ano e como era o estudo no
5º ano, constata-se que 99% dos alunos com médias maiores e médias intermediá-
rias de tempo de estudo indicaram que aumentaram o número de horas de estudo,
sendo que apenas um aluno de cada um desses grupos indicou não haver melhora.
Já entre os alunos com as médias menores, dois relataram ter aumentado o tempo
de estudo, dois indicaram que estudam menos tempo no 5º ano e um não conseguiu
argumentar. Por fim, os alunos foram questionados se consideravam que houve
melhoria das notas após a participação no projeto “As Travessuras do Amarelo”. Os
dados podem ser verificados na Tabela 2.
Tabela 2 – Melhoria das notas
Categoria MM MI MnM
Aumento das notas 12 6 2
Decréscimo nas notas 1 2
Ausência de argumento 1
Fonte: dados da pesquisa.
Dos alunos entrevistados, vinte argumentaram que perceberam que melhora-
ram suas notas após a participação no projeto. No entanto, três alunos disseram
que as notas baixaram, e um deles não soube apresentar nenhum argumento. De
forma geral, os alunos, tanto os que apontaram que estudavam mais quanto aque-
les que tinham menor tempo de estudo, demonstraram que aprenderam algumas
estratégias para planejamento, alteração da estrutura ambiental, quando apon-
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taram os distratores, procura de ajuda social e avaliação. Com relação às notas,
foi verificado que os alunos que indicaram estudar mais e com tempo de estudo
intermediário apresentaram argumentos da melhoria da nota.
Discussão
Conforme indicam os dados da pesquisa, todos os participantes lembravam de
passagens do livro As travessuras do amarelo e do projeto do qual haviam partici-
pado no 4º ano. Durante as entrevistas, eles descreveram as estratégias de apren-
dizagem que foram trabalhadas por meio da narrativa, respondendo ao objetivo
principal da pesquisa, que buscou conhecer o tempo, o rendimento e as estratégias
de aprendizagem utilizadas pelos alunos do 5º ano do ensino fundamental partici-
pantes de um projeto de autorregulação.
Algumas estratégias destacadas pelos alunos são consideradas importantes
para o sucesso escolar, como planejar, executar e avaliar (Plea), bem como ter per-
sistência e organização, estratégias consideradas como necessárias ao processo de
autorregulação (NÚÑEZ et al., 2015; ROSÁRIO et al., 2015a; ROSÁRIO et al.,
2015b; ROSÁRIO et al., 2016). Os discentes também apontaram a melhora na lei-
tura e escrita como consequência do aprendizado de estratégias, tal como apontado
por Gomes e Boruchovitch (2011). O entendimento da necessidade de ajuda, outro
ponto destacado, é reconhecido pelos pesquisadores como uma estratégia adaptati-
va e fundamental para o avanço no aprendizado (SCHUNK; ZIMMERMAN, 1994;
SERAFIM; BORUCHOVITCH, 2010). O reconhecimento de propostas para comba-
ter os distratores foi uma das estratégias destacadas pelos participantes. Essa es-
tratégia é frequentemente utilizada na fase da execução da tarefa, quando o sujeito
se autocontrola e monitora as ações executadas com uma maior atenção (OLIVEI-
RA; TORTELLA, 2015; KITSANTAS; ZIMMERMAN, 2006; ZIMMERMAN, 1998).
Nota-se que a participação no projeto propiciou ainda o reconhecimento da neces-
sidade do respeito aos amigos, um aspecto relacionado aos conteúdos atitudinais,
evidenciado na pesquisa de Tenca e Tortella (2015).
No fator tempo de estudo, os dados apontam para indícios de melhora. A maio-
ria dos alunos indicou que ampliou seu tempo de estudo. Um dos entrevistados
confirmou que não houve aumento por conta da necessidade de ajudar sua família:
“[...] agora eu estudo, mas não é assim de ficar o tempo todo, porque senão minha
mãe quer, nossa, ela fica brava quando eu estudo muito e eu não quero saber de
fazer nada, só estudar. Ela disse assim outro dia: [...] você pode estudar, mas ajuda
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eu um pouco” (Ignas, MnM). No entanto, o mesmo aluno demonstrou ter consciên-
cia do quão importante é o estudo em sua vida, como se observa no seguinte relato:
Com o projeto entendi que a gente tem que saber estudar, porque se a gente não estudar a
gente não vai ser ninguém na vida, não vai ter nenhum trabalho. Eu coloco a minha mãe em
exemplo, ela só estudou até a quarta série e ela está trabalhando em um serviço que é muito
ruim para ela. E o meu pai, ele fez todos os colegiais, fez todas as faculdades, e hoje ele está
em um emprego que ele está há mais de oito anos.
Ressalta-se que essa é a realidade de muitos alunos brasileiros, o que confirma
que o processo de aprendizagem se relaciona com as múltiplas variáveis dos fatores
sociais, das dinâmicas da escola e das próprias variáveis pessoais que compõem a
relação entre professor e aluno. Como destacado, a quantidade de horas não é o
fator mais importante, mas, sim, a forma como o tempo é utilizado (ROSÁRIO et
al., 2009). O presente estudo aponta que as crianças com maior tempo de estudo
são também aquelas que apresentam um maior número de argumentos sobre as
estratégias utilizadas.
Por meio das estratégias de aprendizagem, especialmente aquelas estudadas
a partir do livro em foco (ROSÁRIO et al., 2007), pode-se desenvolver um processo
de aprendizagem que supere as condições de fracasso escolar, por isso considera-
mos que esse é um ponto importante a ser ainda pesquisado. Lourenço e Noguei-
ra (2014) chamam a atenção para a necessidade de se discutir a importância do
aprendizado e de gerir o tempo das atividades no âmbito escolar.
Vale citar que alguns entrevistados demonstraram que continuaram a ler o
livro, mesmo com o término do projeto: “É legal, fala quando o amarelo se perde
e faz uma carta com formato de uma galinha. A formiga general ajuda as cores a
achar o amarelo. Estou relendo o segundo capítulo”. Essa continuidade mostra o
valor positivo do projeto na vida dos participantes.
Pesquisas demonstram uma relação da utilização das estratégias de apren-
dizagem com a melhoria do rendimento escolar (OLIVEIRA; BORUCHOVITCH;
SANTOS, 2009; SERAFIM; BORUCHOVITCH, 2010). Cabe destacar que uma das
crianças (Cristina, MM) identificou o decréscimo de suas notas da seguinte forma:
“Pioraram, antes eu tirava seis e meio, sete e meio, agora eu tiro cinco e meio, seis
e meio. Minha professora do quarto ano sabia ensinar bem, lia os textos, explicava
como era para fazer, mas essa não, ela só manda fazer”. Isso demonstra que o pro-
fessor fez toda a diferença em sua aprendizagem.
Algumas das crianças que se encontram no grupo com as menores médias
indicaram o decréscimo das notas por conta do fim do trabalho com o projeto, como
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relata Vinicius (MnM), ao se referir às notas que estavam melhores: “No primeiro
bimestre sim, por causa do projeto, mas agora, no segundo bimestre, minhas notas
caíram um pouco”. Esse argumento aponta para a necessidade da continuidade do
ensino das estratégias de aprendizagem.
Confirma-se, portanto, o papel do docente como fundamental no ensino e no
acompanhamento da aprendizagem das estratégias (ROSÁRIO et al., 2015b). Po-
de-se, ainda, salientar a lição de casa como possibilidade de aplicação dessas estra-
tégias de forma mais autônoma, permitindo ao aluno aplicar o que lhe foi ensinado
(ROSÁRIO et al., 2009; ROSÁRIO et al., 2011; ROSÁRIO et al., 2015b), por meio
do uso de suas habilidades de estudo, da sua autorregulação, do seu envolvimento
com a escola, da sua disciplina e da sua responsabilidade com os estudos.
Considerações nais
Foi possível, por meio dos dados analisados neste trabalho, verificar alguns
aspectos importantes da realidade escolar, na qual há possibilidades de os alunos
serem agentes do seu próprio aprendizado. No entanto, muitos pontos ainda preci-
sam ser compreendidos, principalmente quando analisamos as falas das crianças.
A partir dos resultados observados, concluímos que alunos de escolas muni-
cipais podem se beneficiar com a organização de um ambiente solicitador, em que
o ensino de estratégias de aprendizagem acontece a partir de diferentes situações
escolares cotidianas. Além disso, os professores precisam considerar qualidade e
tempo destinados aos estudos que os alunos realizam diariamente.
O projeto “As Travessuras do Amarelo” mostrou favorecer o desenvolvimento
de estratégias autorreguladoras por parte dos alunos investigados, podendo ser de
grande importância a sua utilização como ferramenta de ensino e aprendizagem
na educação.
Os resultados dão abertura para novos questionamentos e para a possiblidade
de novas pesquisas: qual é o tempo dedicado aos estudos e como são o rendimento
e as estratégias de aprendizagem utilizadas por alunos do 5º ano de escolas parti-
culares? Como professores de diferentes redes de ensino compreendem o papel do
ensino de estratégias de aprendizagem para o sucesso escolar?
Destacamos, por fim, a fala de uma criança com comentários sobre a diferença
que o projeto fez em sua vida:
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Aprendi que para tudo nessa vida temos que ter tipo um plano, uma estratégia. Por exemplo,
um amigo vai brigar com a gente, a gente tem que prestar atenção no que vamos falar. Para
estudar do jeito que faço temos que montar uma tabela para sermos organizados porque
sem isso não chegaremos a lugar nenhum. Os amigos também ajudam. Temos que ter um
planejamento, porque, se não tivermos um planejamento das coisas vai ser tudo uma bagunça
(Cristina, MM).
Esse conjunto de elementos demonstra a necessidade de novos estudos sobre
a temática, tendo em vista que são recentes no Brasil e, ainda assim, têm possibi-
litado aos alunos o seu sucesso escolar.
Notas
1
Número do Parecer: 1.332.688 CAAE: 49732515.2.0000.5481.
2
Nome fictício + número de horas (MM).
3
Gíria utilizada para dizer: “está bom”.
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