v. 17 n. 3 (2021): EDIÇÃO ESPECIAL: JOSUÉ GUIMARÃES E OS ARQUIVOS

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A Desenredo nº 1,  v. 17, revista B1 do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo, dedica a presente edição a Josué Guimarães nos 100 anos de seu nascimento.  Josué Guimarães, nascido em 07 de janeiro de 1921, jornalista de profissão, político de ocasião (nem sempre a melhor), escritor consagrado na maturidade da vida, deve ser visto como um dos últimos escritores do século XX com o que poderíamos reconhecer como “biografia”. Diferentemente de toda uma geração posterior de autores, principalmente a partir dos anos 80, Josué teve uma vida cheia de descaminhos. Se os escritores das décadas seguintes tinham a rotina de vidas localizáveis em trabalhos com relativa estabilidades em universidades, jornais, em profissões liberais ou outras formas cotidianas de sobrevivência, Josué Guimarães viveu os tempos em que a história esperava como um “perigo na esquina”. Por força de suas posições, seja na imprensa, seja na atuação partidária, o sujeito que viria a escrever Camilo Mortágua teve uma existência de aventuras, desventuras, fugas e resistências. Seu amigo Lauro Schirmer lhe intitulara, certa vez, de “cavaleiro de notável figura” (Zero Hora, Porto Alegre, 18 março de 2006), pela força de seus ideais quase quixotescos por um mundo mais justo. A beleza de sua figura era o encanto de seus gestos, a luta por um melhor destino à sociedade.  Assim, tratar de Josué significa rever o século XX, o século das catástrofes, também revendo a própria história, à qual a produção literária de Josué comumente recorria em busca dos porquês de tanta dor no agora (e no sempre).  De outra parte, tematizar Josué Guimarães significa também pensar um escritor cujo nome se associou, a partir dos anos 90, à pesquisa em arquivos literários. Inscrito em uma seleta constelação de escritores e autores que passaram a nomear acervos literários no Brasil, Josué Guimarães, como, entre outros,  Erico Verissimo, Reinaldo Moura, Mario Quintana, faz parte de um grande conjunto de projetos, em especial no Rio Grande do Sul, destinado a pesquisar a memória literária do Estado, da mesma forma como se devem considerar os demais projetos de memória literária existentes no Brasil. Com os trabalhos fundadores de Maria da Gloria Bordini e Maria Luiza Remédios, então na PUCRS, o acervo de Josué Guimarães, em particular, conquistou metodologia e classificação quase definitivas, apenas suplantadas em alguns aspectos pelo desenvolvimento das tecnologias de dados. Atualmente na UPF, o ALJOG dialoga com a excelência das pesquisas do passado, propondo inovações. Importa que se perceba em tudo isso o quanto a pesquisa da memória literária é dinâmica. Pesquisar nos arquivos dos escritores é sabê-los moventes, abertos, instáveis como qualquer ato de lembrança, como qualquer movimento do presente. 
Publicado: 18-11-2021

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