Veredinhas da infância em “Presepe”, de João Guimarães Rosa
Palavras-chave:
literatura, ritos de passagem, inconsciente coletivo, família, criação
Resumo
O ensaio analisa e interpreta o conto “Presepe”, do livro Tutaméia, de João Guimarães Rosa, examinando o cerimonial empreendido por Tio Bola, oitenta anos, numa noite de Natal. Como apoio crítico-teórico conta-se com o texto “Os atos obsessivos e as práticas religiosas”, na qual Sigmund Freud investiga a situação em que o indivíduo devoto desenvolve o cerimonial religioso sem indagar o seu significado ou nem mesmo conhecer o sentido simbólico dos ritos. Da mesma forma como os heróis antigos empreendem suas aventuras, Tio Bola põe-se à luta, no caso, contra sua própria solidão, ao criar a representação de um presépio numa estrebaria enquanto “todos” foram à vila para a missa do galo. Nesse empenho, o herói rosiano deixa entrever a regressão aos estágios infantis, ao mesmo tempo em que, como ancião, reatualiza o saber ancestral do inconsciente coletivo. A fragmentação da ordem na aparente totalidade que a família representa e a subversão de alguns rituais do cerimonial religioso são fatos que se somam no itinerário desse herói para anunciar que a vida ainda se agita no fragmento, que é sempre matéria vertente, abrindo espaço para o sonho e para a criação.Downloads
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Publicado
2006-05-23
Como Citar
Silveira, R. (2006). Veredinhas da infância em “Presepe”, de João Guimarães Rosa. Revista Brasileira De Ciências Do Envelhecimento Humano, 2(2). https://doi.org/10.5335/rbceh.2012.37
Edição
Seção
Artigos Originais
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